A obra Contraponto (2008) pertence à série Braille Ligado, tipografia tridimensional em que os pontos que formam as letras na escrita Braille são ligados por lâmpadas fluorescentes. O trabalho, assim, configura-se como uma sutil inversão de significados e sensações: o que, na escrita Braille, é para ser tocado, mas não é nunca visto, aqui pede para ser olhado e fruído esteticamente, mas sem poder ser tocado. Ao mesmo tempo, se o intuito da escrita original é transmitir um significado, quem olha a obra não consegue ler o que está escrito. Como acontece em outras obras da dupla, por exemplo Utopia (2001-2003), a tipografia é incompreensível, e portanto inútil no sentido mais coghfnvencional, mas se presta, justamente por não ser imediatamente legível, a inúmeras leituras metafóricas, apontando para a possibilidade de olharmos o mundo de outra forma, criando, nesse sentido, um contraponto.